O momento em que uma prótese dentária se parte é sempre de surpresa e grande angústia. Afinal, a prótese é mais do que um dispositivo médico; ela é uma ferramenta essencial para a fala, a mastigação e a autoestima.
Contudo, sejam os danos causados por uma queda acidental, um desgaste prolongado ou uma mordida inesperada, a fratura exige uma ação imediata e, sobretudo, correta.
De fato, o procedimento a seguir não é apenas uma questão de estética, mas de saúde, pois uma prótese danificada pode causar lesões graves na boca.
Minha prótese dentária está quebrada: O que devo fazer?
A primeira e mais importante regra é: pare, não tente consertar em casa, e procure o seu dentista imediatamente.

Risco da solução caseira: O grande “Não Faça”
Quando se deparam com a prótese dentária partida, muitos pacientes, na pressa de recuperar a função, recorrem a adesivos domésticos. É crucial entender por que o reparo caseiro é uma falha garantida e extremamente perigosa.
Perigo da super cola:
A tentação de usar supercola ou outros adesivos instantâneos é alta, mas o risco é maior. Inicialmente, estas colas não foram formuladas para o ambiente bucal. Elas são tóxicas e, por conseguinte, podem liberar químicos prejudiciais que contaminam a mucosa oral.
Além disso, a composição química destas colas é incapaz de suportar a humidade, as bactérias e as forças de mastigação presentes na boca. Em suma, a união feita com a supercola é fraca, mas o suficiente para impedir um reparo profissional correto.
Inviabilidade do reparo profissional:
Ao tentar o reparo caseiro, o paciente geralmente não consegue alinhar as peças de forma precisa. Essa imprecisão cria uma pequena lacuna, um espaço microscópico que se torna um refúgio ideal para a acumulação de bactérias.
Para o dentista, remover a supercola sem danificar o material acrílico é quase impossível. Visto que a cola altera a estrutura da resina, o reparo definitivo torna-se mais difícil, senão inviável, forçando, por vezes, a necessidade de refazer a prótese dentária por completo.

A urgência do reparo profissional é imediata, e o conserto caseiro apenas adiciona atrasos e custos.
Tipos de fraturas de prótese dentária e suas causas
Para saber qual o próximo passo, é útil identificar o tipo de dano na prótese dentária. As fraturas podem ser classificadas em três categorias principais, cada uma com diferentes implicações de reparo.
Fratura da base de resina acrílica:
Este é o tipo de quebra mais comum e ocorre geralmente em próteses totais ou parcialmente removíveis. A quebra pode ser uma linha fina (fratura por fadiga) ou uma separação completa.
A causa mais comum é a queda da prótese durante a limpeza. Contudo, em muitos casos, a fratura por fadiga da resina é um sinal de que a prótese está desajustada. Isto é, o osso da maxila ou da mandíbula reabsorve-se com o tempo, e a prótese dentária perde o encaixe ideal.
Portanto, a prótese balança e sofre stress desigual durante a mastigação, levando à quebra. Apenas consertar a quebra sem reajustar a base (reembasamento) não resolve o problema subjacente.
Quebra ou soltura de dentes:
O dente artificial pode soltar-se ou lascar. Geralmente, isto é causado por um impacto pontual, como morder algo muito duro.
No entanto, se o dente cair repetidamente, pode ser um sintoma de um problema na mordida, onde a força mastigatória está concentrada num único ponto da prótese.
O reparo aqui envolve a fixação do dente com resina acrílica, mas o dentista deve verificar a oclusão (a forma como a prótese encaixa na mordida) antes de finalizar.

Danos nos grampos metálicos (Prótese parcial removível):
Os grampos são os pequenos ganchos que seguram a prótese dentária parcial aos dentes remanescentes. Eles podem fraturar devido à fadiga do metal ou, mais frequentemente, por serem abertos e fechados incorretamente pelo paciente ao remover a prótese.
Um grampo quebrado não apenas torna a prótese instável, mas o metal solto pode magoar gravemente a gengiva ou a bochecha. O reparo exige soldagem em laboratório.
A urgência e o reparo profissional na prótese dentária
Assim que a prótese dentária se quebra, o paciente deve guardá-la em água limpa ou numa solução desinfetante suave, tal como a que usa para a limpeza diária, e contactar o dentista imediatamente. O dentista trabalhará com um laboratório protético para garantir um reparo seguro.
Reparo técnico de resina:
Quando a base de resina está partida, o laboratório junta as duas peças com um material de reparo especial (resina acrílica ativada a frio). Este material funde-se quimicamente com a prótese existente, criando uma união forte e biocompatível.
O processo é rápido, muitas vezes concluído em algumas horas ou no mesmo dia. Contudo, o verdadeiro tratamento após a quebra de resina não é o conserto em si, mas o reembasamento.
O reembasamento é o processo de adicionar nova resina na parte interna da prótese para que ela se ajuste novamente à forma atual da gengiva do paciente. Portanto, se o dentista não realizar o reembasamento, a quebra voltará a ocorrer.
Reparo de grampos metálicos:
Se um grampo metálico partiu, o laboratório precisa de moldes para garantir o alinhamento correto das peças metálicas e a soldagem, garantindo que o grampo não volte a fraturar. Este tipo de reparo é mais complexo e pode demorar um ou dois dias.
O dentista, e não o técnico de laboratório, é quem supervisiona o reparo, pois apenas ele pode avaliar o estado da sua boca e garantir que o resultado final da prótese dentária consertada está clinicamente aceitável e não causará novas lesões ou stress excessivo nos dentes remanescentes.

Prevenção: Dicas para a sua prótese dentária durar mais
A melhor forma de lidar com uma prótese dentária partida é evitar que ela se quebre. Existem práticas diárias simples que garantem a durabilidade e a segurança do dispositivo.
Limpeza segura:
A maioria das quebras ocorre quando a prótese cai da mão do paciente. Por conseguinte, crie o hábito de limpar a prótese sempre sobre uma toalha dobrada ou uma bacia de água cheia. Dessa forma, se a prótese escorregar, o impacto será amortecido.
Ajuste periódico:
O tecido ósseo da boca muda constantemente. É vital visitar o dentista a cada 6 ou 12 meses para verificar o ajuste.
Se a prótese estiver a balançar, ela está a criar stress e a caminho de uma fratura. O reembasamento é uma manutenção de rotina, e não uma correção de emergência.
Dieta e mastigação:
Evite morder alimentos muito duros ou pegajosos com os dentes anteriores (da frente), pois isso exerce uma alavancagem excessiva sobre a prótese dentária. Corte os alimentos em pedaços pequenos.
Armazenamento noturno:
Quando a prótese é retirada à noite, ela deve ser mantida imersa em água ou solução desinfetante específica.
Além de hidratar o acrílico (o que previne o ressecamento e fragilização), evita que ela seja danificada por animais de estimação ou que caia acidentalmente da mesa de cabeceira.
Em conclusão, se a sua prótese dentária partir, mantenha a calma. Não ceda à tentação da supercola.
O reparo profissional não é apenas um conserto, mas uma oportunidade para o dentista diagnosticar a causa subjacente da quebra e garantir que o seu sorriso seja restaurado de forma segura e duradoura.