E dição
250
- agosto 2018
14/08/2018
S A Ú D E /
Especial
29
de agosto: Dia Nacional de Combate ao Fumo
Do
vício evitável ao risco de morte e
à dificuldade de mudança de hábito
Por Zaíra Barros
No
Brasil e no resto do mundo os índices de câncer e câncer bucal
crescem a cada ano. O tabaco e o HPV são dois dos mais graves riscos
para a doença e com conscientização, informação, tratamento e força
de vontade seria possível baixar os números assustadores que exibem
os casos fatais da doença. O Jornal Odonto relata os principais
aspectos importantes a serem lembrados no Dia Nacional de Combate ao
Fumo.
O
tabagismo é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OM), a
principal causa de morte evitável em todo o mundo, porém os dados
ainda são alarmantes. A estimativa é que 1,7 milhões de casos de
câncer serão detectados no Brasil até 2030, e mais de 1 milhão de
mortes ocorrerão anualmente – segundo pesquisa realizada pelo Inca
em abril deste ano.
Nos
Estados Unidos, um total de 30.115 novos casos de câncer associado
ao HPV foi relatado em 1999 e 43.371 em 2015. Em 1999, o carcinoma
cervical (13.125 casos) foi o câncer mais comum associado ao HPV:
foram identificados mais 3.750 casos de carcinoma cervical do que o
orofaríngeo (1).
Para
Silvio Cecchetto, presidente da Associação Brasileira de
Cirurgiões-dentistas (ABCD), que realiza a Campanha Sorria para a
Vida, de detecção precoce de câncer bucal pelo 5º- ano consecutivo,
em vans Ada
De
acordo com o médico pneumologista do Hospital Nossa Senhora das
Graças, Omar Barghouthi (2), a cada 10 pessoas que tentam
parar de fumar, 8 não conseguem e voltam ao vício. Por isso, o
acompanhamento médico é fundamental, e diminui as chances de
recaídas. “Ansiedade e depressão são alguns dos fatores que
estimulam o hábito de fumar”, explica.
Richard
Nagelberg (3), cirurgião-dentista norte-americano, examinou
as ligações entre o tabaco, o câncer do de pulmão e as doenças
cardíacas, bem como os tipos de pesquisas e estudos sérios sobre
este tema ao longo do tempo, considerado também o estado atual da
pesquisa oral sistêmica. O que dizem as pesquisas:
#A
evidência científica é incontroversa: inalar o fumo do tabaco,
particularmente dos cigarros, é mortal. Desde o primeiro Relatório
do Surgeon General em 1964, evidências ligaram o tabagismo a doenças
de quase todos os órgãos do corpo. (surgeongeneral.gov 21 de junho
de 2018)
# Fumar
é de longe a maior causa evitável de câncer, e graças à pesquisa as
ligação entre tabagismo e o câncer são muito claras. O tabagismo é
responsável por mais de 1 em cada 4 mortes por câncer no Reino Unido
e de 3 em 20 casos de câncer (cancerresearchuk.org)
Danos à circulação
sanguínea
O fumo
compromete circulação de sangue e aumenta risco de trombose
segundo
a cirurgiã vascular e angiologista Dra. Aline Lamaita (4 ),
membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. A
nicotina diminui a espessura dos vasos sanguíneos e o monóxido de
carbono reduz a concentração de oxigênio no sangue.
Mais de
4 mil compostos químicos (muitos deles tóxicos), incluindo a
nicotina, o monóxido de carbono, a acroleína e outros oxidantes
fazem parte da composição da fumaça de cigarro, cuja exposição
constante induz a múltiplos efeitos patológicos no organismo,
causados pelo estresse oxidativo das células.
“Os
efeitos adversos do cigarro são muitos e, no caso da saúde das
veias, o fumo também afeta principalmente a circulação e isso
favorece o aparecimento de processos de trombose (com entupimento
dos vasos e que pode levar à morte), principalmente quando associado
a fatores de risco”,
Redução do vício
no Brasil é de 33,8%
No
Brasil, nos últimos dez anos, segundo o Ministério da Saúde, houve
redução de 33,8% no número de fumantes adultos no País, mas uma em
cada dez pessoas que reside nas capitais brasileiras ainda mantêm o
hábito de fumar.
Normalmente relacionado ao aumento da probabilidade de desenvolver
infarto, o cigarro também pode causar problemas circulatórios como
arteriosclerose (envolvendo as artérias da perna) e tromboangeite
obliterante – distúrbio que afeta as extremidades do corpo. “Em
ambos os casos, há riscos de ter de amputar o membro (como pernas,
pés e mãos)”, explica a médica(4).
“Além
disso, o monóxido de carbono oferece um fator adicional de risco ao
diminuir a concentração de oxigênio no sangue. Todo esse processo
pode causar complicações para o normal funcionamento normal dos
vasos, que ficam mais susceptíveis ao entupimento, podendo levar a
processos de trombose principalmente quando há fatores de risco
envolvidos”, afirma. Alguns estudos também sugerem que a exposição à
fumaça do cigarro resulta na ativação das plaquetas e estimulação da
cascata de coagulação, por isso há um aumento na incidência de
trombose arterial em fumantes. “Ao mesmo tempo, as propriedades
anticoagulantes naturais são significativamente diminuídas”,
comenta.
Outra
complicação do cigarro é que o ele dificulta o importante papel do
sangue no processo de cicatrização, após cirurgias e procedimentos.
“O vaso mais estreito tem um fluxo menor de sangue e o suprimento de
oxigênio aos tecidos é afetado. Isso dificulta a cicatrização e pode
causar até necrose de pele. Várias substâncias no cigarro dificultam
a formação de fibroblastos, células ligadas ao processo
cicatricial.”
A
angiologista alerta que, para os fumantes, o acompanhamento médico é
fundamental para impedir que as doenças apareçam ou progridam.
Acompanhamento médico
é vital
Ainda
de acordo com o médico pneumologista Omar Barghoutti (2), a
cada 10 pessoas que tentam parar de fumar, 8 não conseguem e voltam
ao vício. Por isso, o acompanhamento médico é fundamental, e diminui
as chances de recaídas. Ansiedade e depressão são alguns dos fatores
que estimulam o hábito de fumar, explica o médico.
Na
consulta é avaliado o melhor tratamento individual, seja por meio
de antidepressivos, aconselhamento psicológico e a reposição de
nicotina., para encarar o difícil período de abstinência.
Pesquisas feitas em Portugal (5) reforçam que o tabagismo, o
câncer e as doenças cardíacas têm ligação oral sistêmica. Confira:
Estudo
cego, duplo e intervencionista em larga escala, demonstrando que o
tabagismo causa câncer de pulmão e doenças cardíacas. O fato de que
esta ligação existe é baseado nos resultados cumulativos de
numerosos estudos menores durante um longo período de tempo e que
apontam também a ligação entre tabagismo, a boca, câncer de pulmão e
doenças cardíacas, Esses estudos são muito caros e cheios de
variáveis difíceis de controlar e estão sendo feitos há 20 anos ou
mais. São os resultados cumulativos de pesquisa que demonstrarão a
força da ligação entre saúde oral e saúde geral, em vez de uma peça
definitiva de pesquisa (o início do estudo, 1954, é creditado a
Hammond e Horn).
Fontes de pesquisa:
1.Dr.Marcos
Santana, brasileiro, cirurgião-dentista especialista em Saúde
Pública e Odontologia do Trabalho. Brasil
2 .Dr.
Omar Barghoutti, médico pneumologista do Hospital Nossa Senhora das
Graças. Brasil
3.
Dr.Richard
Nagelberg , Filadéldfia, Estados Unidos
4.
Dra. Aline Lamaita . Brasil. Faculdade de Ciências Médicas da Santa
Casa de São Paulo, Membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e
Cirurgia Vascular, da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e
Cirurgia e do American College of Phlebology.
5. Richard Hammond EC, Horn D, “The relationship between human
smoking habits and death rates: a follow-up study of 187,766 men”.
(https://www.dentistryiq.com),
autor: Richard H. Nagelberg, DDS.
Artigo
original Dentistry IQ : www.dentistryiq.com/articles/2018/08/smoking-cancer-heart-disease-and-the-oral-systemic-link-where-we-are-with-research.html
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