Ano XXI nº 244 -

 

Marcos Santana é cirurgião-dentista e ex-aluno da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Consultor do IPM.

Edição 244 - 08/02/2018

Espaço Instituto Pedro Martinelli

Marcos Luis Macedo de Santana
 

O papel das universidades

 

A universidade existe para produzir conhecimento, gerar pensamento crítico, organizar e articular os saberes, formar cidadãos, profissionais e lideranças intelectuais. O desempenho dessas nobres e decisivas funções, porém, não é algo que se resolva no plano abstrato. Do mesmo modo que as demais instituições, a universidade está sempre historicamente determinada. Pode funcionar bem ou mal, cumprir com maior ou menor efetividade suas atribuições, ser mais ou menos admirada e respeitada. Ela não é perfeita nem inquestionável. Não está acima da sociedade nem desconectada dela. As próprias circunstâncias internas da instituição - seu corpo docente, sua estrutura administrativa, seus dirigentes, estatutos e tradições - incidem sobre sua imagem e seu desempenho. Em certa medida, cada época, cada sociedade e cada Estado tem a universidade que pode ter, por mais que a instituição universitária, por sua própria natureza, tenha luz própria e possa, justamente por isso, operar com alguma liberdade em relação às circunstâncias histórico-sociais que estão em sua base. Não se trata de dependência ou limitação, mas de determinação. Sua riqueza social, política,cultural e seu acervo histórico produzido ao longo dos anos pelos que a fazem e fizeram deve ser preservado e mantido como seu patrimônio.

Além do mais, a universidade é uma decisiva referência do Estado (comunidade política) e vincula-se ao Estado (aparato administrativo e de governo). No primeiro caso, recebe uma atribuição ética, educacional e política; no segundo, muitas incumbências e algumas restrições. Precisa ser livre, laica e autônoma para respirar e cumprir seu papel, ao mesmo tempo em que tem de se viabilizar como organização, ou seja, cuidar de si própria, administrando corretamente os recursos de que dispõe ou que recebe do poder público. Com isto, obriga-se a obedecer a determinados parâmetros legais, seguir diretrizes gerais de educação e acompanhar orientações governamentais, bem como a reproduzir determinadas exigências técnicas e operacionais, comuns a todas as organizações complexas.

Inevitável, portanto, que a universidade reflita em si, com uma dose adicional de dramaticidade, todas as características, vantagens e adversidades da época histórica e das sociedades concretas em que está inserida. Tanto quanto as demais organizações, ela está hoje em ebulição, num momento de transição e arrumação, no qual as partes se unem com dificuldade, concebem-se a si mesmas com bastante imprecisão e vivem à procura de uma nova e melhor inserção social. Similarmente às demais organizações, a universidade flutua em um estado de sofrimento, que seguramente não a inviabiliza, mas que a desafia abertamente.

 

 

 

 

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